domingo, 25 de novembro de 2012

CECS Coletivo ou: por que finalmente arregacei as mangas?


Foi afinal um engano
essa história de ser indivíduo.
Finalmente nós nos descobrimos pluridivíduo.
Interdivíduo.
TRANSDIVÍDUO!


Compartilho contigo a memória de que me senti um mero observador da vida - um ser-estar inerte no mundo - durante muitos anos! Todos eles imerso na Sociedade dos Indivíduos (de que tanto nos fala Norbert Elias) me fizeram realmente acreditar que eu era indivíduo; me limitaram a dar crédito à falsa ideia de que acumular informação e riqueza é gerar conhecimento e satisfação (aí está conceitualmente o nascimento da relação verticalizada de poder, da retórica (auto)ilusória, da coação discursiva violenta). Em ciência econômica, diz-se (Joseph E. Stiglitz, nobel 2001) que é a assimetria de informação dos agentes econômicos que resulta no funcionamento imperfeito dos mercados (honestamente, prefiro me afastar dessa terminologia economicista que reduz a experiência humana ao valor utilitário das coisas [que coisifica os seres humanos e não-humanos] e me abraçar à episteme das ciências sociais).

Só se constrói conhecimento na relação dialética (nunca na retórica). Duas-éticas se comunicando praticam a “razão comunicativa” de que Habermas tanto nos fala.

Só se constrói saber na vivência coletiva, na prática aonde duas pessoas se ensinam objetivamente enquanto as subjetividades se entremeiam e constroem a realidade do momento (recordo aqui o devir do pré-socrático Heráclito e sua impressionante aproximação com a noção budista de impermanência: “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai”).

Não estou falando aqui de escolhas políticas racionais: estou falando de um estado de revolução permanente em nós - enquanto nós. Uma guerra ontológica contra a noção de indivíduo. Os coletivos indígenas não estão resistindo para ficarmos com peninha e botarmos guarani-kaiowá no sobrenome de facebook em prol da boa consciência! Eles estão nos oferecendo uma chance rara de revisão ontológica e construção de novos sentidos de brasilidade.

Construir coletivamente o nosso espaço identitário-físico, o CECS, não pode ser uma abstração que fique no mundo das ideias (neste exato momento peço que tu belisques o braço e descubras mais uma vez que és feita/o de carne e osso!). É preciso trazê-la pro mundo sensorial aonde sentimos dor e prazer; orgasmos físicos e intelectuais. É POR ISSO que o movimento é “CECS Coletivo” e é por isso, tudo somado, que o CECS precisa coletivizar-se ainda mais!

Foucault diz no começo de “Por Uma Vida Não-Fascista”: “Não morras de amor pelo poder”. Se nos deslocássemos da noção individualista (que busquei atacar ali em cima) de sociedade, certamente poderíamos realizar um rodízio de poder no CECS. Poderíamos assim nos transformar enquanto coletividade até um ponto de convergência tal que permitisse envolver todo o “Nós” que é o curso de Ciências Sociais da UFRGS.

Peço que examines com cuidado até que ponto essa reflexão soou como um discurso “eleitoreiro” e a partir de que ponto ela dialogou profundamente com tua consciência. Somos uma mente plural.


Chapa 2. “CECS Coletivo”. 
Na ideia e na prática.
a alegria e o sonho de conduzir uma bandeira de libert-ação.

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