Foi
afinal um engano
essa
história de ser indivíduo.
Finalmente
nós nos descobrimos pluridivíduo.
Interdivíduo.
TRANSDIVÍDUO!
Compartilho
contigo a memória de que me senti um mero observador da vida - um
ser-estar inerte no mundo - durante muitos anos! Todos eles imerso na
Sociedade dos Indivíduos (de que tanto nos fala Norbert Elias) me
fizeram realmente acreditar que eu era indivíduo; me limitaram a dar
crédito à falsa ideia de que acumular informação e riqueza é
gerar conhecimento e satisfação (aí está conceitualmente o
nascimento da relação verticalizada de poder, da retórica
(auto)ilusória, da coação discursiva violenta). Em ciência
econômica, diz-se (Joseph E. Stiglitz, nobel 2001) que é a
assimetria de informação dos agentes econômicos que resulta no
funcionamento imperfeito dos mercados (honestamente, prefiro me
afastar dessa terminologia economicista que reduz a experiência
humana ao valor utilitário das coisas [que coisifica os seres
humanos e não-humanos] e me abraçar à episteme das ciências
sociais).
Só
se constrói conhecimento na relação dialética (nunca na
retórica). Duas-éticas se comunicando praticam a “razão
comunicativa” de que Habermas tanto nos fala.
Só
se constrói saber na vivência coletiva, na prática aonde duas
pessoas se ensinam objetivamente enquanto as subjetividades se
entremeiam e constroem a realidade do momento (recordo aqui o devir
do pré-socrático Heráclito e sua impressionante aproximação com
a noção budista de impermanência: “Não se pode percorrer duas
vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância
mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da
mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai”).
Não estou falando aqui de escolhas políticas racionais: estou falando de um estado de revolução permanente em nós - enquanto nós. Uma guerra ontológica contra a noção de indivíduo. Os coletivos indígenas não estão resistindo para ficarmos com peninha e botarmos guarani-kaiowá no sobrenome de facebook em prol da boa consciência! Eles estão nos oferecendo uma chance rara de revisão ontológica e construção de novos sentidos de brasilidade.
Construir
coletivamente o nosso espaço identitário-físico, o CECS, não pode
ser uma abstração que fique no mundo das ideias (neste exato
momento peço que tu belisques o braço e descubras mais uma vez que
és feita/o de carne e osso!). É preciso trazê-la pro mundo
sensorial aonde sentimos dor e prazer; orgasmos físicos e
intelectuais. É POR ISSO que o movimento é “CECS Coletivo” e é
por isso, tudo somado, que o CECS precisa coletivizar-se ainda mais!
Foucault
diz no começo de “Por Uma Vida Não-Fascista”: “Não
morras de amor pelo poder”. Se nos
deslocássemos da noção individualista (que busquei atacar ali em
cima) de sociedade, certamente poderíamos realizar um rodízio de
poder no CECS. Poderíamos assim nos transformar enquanto
coletividade até um ponto de convergência tal que permitisse
envolver todo o “Nós” que é o curso de Ciências Sociais da
UFRGS.
Peço
que examines com cuidado até que ponto essa reflexão soou como um
discurso “eleitoreiro” e a partir de que ponto ela dialogou
profundamente com tua consciência. Somos uma mente plural.
Chapa
2. “CECS Coletivo”.
Na ideia e na prática.
a alegria e o sonho de conduzir uma bandeira de libert-ação.
Baita texto Cassio!
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